quarta-feira, 4 de maio de 2011

Encontro

Felicidade, agarrei-te 
Como um cão, pelo cachaço! 
E, contigo, em mar de azeite 
Afoguei-me, passo a passo... 
Dei à minha alma a preguiça 
Que o meu corpo não tivera. 
E foi, assim, que, submissa, 
Vi chegar a Primavera... 
Quem a colher que a arrecade 
(Há, nela, um segredo lento...) 
Ó frágil felicidade! 
— Palavra que leva o vento, 
E, depois, como se a ideia 
De, nos dedos, a ter tido 
Bastasse, por fim, larguei-a, 
Sem ficar arrependido... 

Pedro Homem de Mello, in "Eu Hei-de Voltar um Dia"





2 comentários:

  1. Este poema fala da felicidade.
    O autor diz que agarrou a felicidade e que por breves momentos teve a felicidade na mão e que graças a isso viu chegar a primavera, uma estação que normalmente traduz a felicidade e boa disposição, mas que a deixou fugir com o vento.
    Isto enquadra-se no perfil dos adolescentes, pois estas são personagens que normalmente tem mudanças de humor, por isso gente deprimida façam como o autor diz agarrem a felicidade como se agarra um cão pelo cachaço mas não a deixem fugir com o vento.

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  2. Concordo contigo em quase todos os parâmetros/aspectos a que tu dedicaste o teu tempo.
    De facto o poema fala de felicidade, e de como a deixou fugir com o vento.
    O poeta sentiu a felicidade, agarrou-se a ela como uma criança se agarra à figura maternal e depois entra para a escola.
    Ele sabe que está feliz, mas quando abandona a viatura também sabe que aquela felicidade irá desaparecer, mas também sabe que nunca ficará arrependido.
    O meu exemplo enquadra-se no teu, na medida em que ambos fazemos referência a adolescentes ou crianças, em que, por norma, a felicidade está presente nas suas caras, pelo modo como se expressam.
    Penso que a mensagem que o poeta quer transmitir é que nos devemos agarrar á vida, aproveitar todos os minutos, mas acima de tudo aproveitar os momentos felizes e como tal nunca nos arrependermos do bem que fazemos.

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